sábado, 24 de novembro de 2012

Cristo, Rei do Universo
Último Domingo do Calendário Cristão

Rev. Edson Cortasio Sardinha



           
                     Na ábside de várias igrejas europeias dos séculos 11 e 12, aparece a imagem em mosaico do “Cristo, Senhor de todas as coisas – Rei do universo”, o Cristo “Pantokrator” segundo a clássica expressão da linguagem da arte cristã antiga e medieval, e dos ícones.         Pantoklator é uma palavra de origem grega que significa "todo-poderoso" ou "onipotente".
            A igreja sempre celebrou Jesus como o Reio do Universo. Mas o tema "Cristo, o Rei do Universo" é celebrado em algumas igrejas cristãs neste último domingo do Tempo Comum.
            Esta celebração não é antiga. Foi uma das últimas celebrações instituídas por Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli, conhecido como  Papa Pio XI, na época em que o mundo passava pelo pós-guerra de 1917, marcado pelo fascismo na Itália, pelo nazismo na Alemanha, pelo comunismo na Rússia, pelo marxismo-ateu, pela crise econômica, pelos governos ditatoriais que destruía toda a Europa, pela perseguição religiosa, pelo liberalismo e outros que levavam o mundo e o povo a afastar-se de Deus, da religião e da fé, culminando com a 2ª Guerra Mundial. Este papa foi duramente acusado de ser imparcial diante do holocausto judeu.  Contudo, o desejo de Pecelli era afirmar para o mundo que no final da história Jesus iria triunfar porque Ele é o Senhor dos Senhores, o Rei dos Reis. Todas as coisas serão consumadas em Cristo.
            Penso, como protestante metodista, que colocar no 34º Domingo do Tempo Comum a celebração de "Cristo, o Rei do Universo" é didático e culmina a história contada no calendário cristão, pois caminhamos do Advento ao Pentecostes e celebramos nos domingos do Tempo Comum o Ministério do Senhor Jesus. Sendo assim fechamos as celebrações afirmando que Jesus é o Cristo, o Rei do Universo, o Senhor dos Senhores.

I. O Final do calendário Cristão
            Chegamos ao final de mais um ano cristão. Com a 34ª Semana do Tempo Comum é encerrado o Calendário Litúrgico (Nem todos os anos tem o Tempo Comum com 34º semanas. Alguns anos tem apenas 33 semanas). Termina assim o Ano B, onde as leituras de domingo foram, em sua maioria, baseadas no Evangelho de Marcos.
            As leituras dominicais são organizadas em Ano A (Mateus), Ano B (Marcos) e Ano C (Lucas). Na próxima Semana, primeiro Domingo do Advento, tem início um novo ano Cristão: Ano C onde o Evangelho contemplado será o de Lucas e teremos nas meditações do Boletim justamente o Evangelho de cada domingo, lido e aplicado a Visão de Discipulado Metodista.
            Hoje é o dia de Cristo, Rei do Universo. Hoje é a 34ª Semana do Tempo Comum e o fim do calendário Cristão. Começamos a contar a vida de Cristo no Advento e terminamos com a proclamação do Seu reinado eterno sobre todas as coisas.

II. Livro de Oração Comum.
            No Livro de Oração Comum da Igreja da Inglaterra temos a belíssima oração para o 34º Domingo do Tempo Comum: "Onipotente e sempiterno Deus, que sempre estás mais pronto a ouvir do que nós a suplicar, e nos dás mais do que desejamos ou merecemos; derrama sobre nós a tua misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos as bênçãos que não somos dignos de pedir, senão pelos merecimentos de Jesus Cristo teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
            É uma oração (coleta) invocando o perdão e Deus e reconhecendo sua grande e eterna misericórdia. Assim devemos terminar este ciclo em nossa vida e em nossa igreja.

III. As Leituras do 34º Domingo do Tempo Comum (Cristo, Rei do Universo).
            Na perspectiva do tema "Cristo, Rei do Universo", a primeira leitura do Lecionário Comum, ano B, é Daniel 7.13 e 14. Daniel tem uma visão a noite e consegue ver o Filho do Homem vindo nas nuvens do céu. Ao Senhor foi dado o domínio, a glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem. O seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído. É uma profecia da volta de Cristo como o Rei do universo estabelecendo a paz, a justiça e o Reino de Deus.
            O Salmo cantado ou lido é o 93.1-5 onde declara que o Senhor Reina. Ele revestiu-se de majestade e de poder. Firmou o mundo, que não vacila. Fala do reinado de Cristo não apenas no futuro mas desde a antiguidade. "Está firme o teu trono; tu és desde a eternidade". O Senhor é mais poderoso do que o "bramido das grandes águas, do que os poderosos vagalhões do mar".
            A segunda leitura é o Apocalipse 5.1 onde João vê a glória de Deus e escuta uma grande voz que diz: "Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?"  Não havia ninguém. João chora de angústia. Mas um dos anciãos lhe diz: "Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos". Jesus venceu. João vê Jesus como o Cordeiro que tinha sido morto. Quando o Senhor toma o livro o céu se curva diante do seu poder e reinado. O fim da história é o Reino do Senhor Jesus.
            Finalmente o Evangelho lido é João 18.33-37. Fala do diálogo de Pilatos com Jesus. Pontius Pilatus (Pôncio Pilatos), governou a Judeia e a Samaria entre os anos 26 e 36. As informações de Flávio Josefo e de Fílon apresentam-no como um governante duro e violento, obstinado e áspero, culpado de ordenar execuções de opositores sem um processo legal. As queixas de excessiva crueldade apresentadas contra ele pelos samaritanos no ano 35 levaram Vitélio, o legado romano na Síria, a tomar posição e a enviá-lo a Roma para se explicar diante do imperador. Pilatos foi deposto do seu cargo de governador da Judeia logo a seguir.
            Diante deste homem violento e cruel, apesar do evangelista apresentar Pilatos como um homem indeciso e fraco, Jesus é levado para ser interrogado.
            No diálogo aparece a pergunta: "És tu o rei dos judeus?" Jesus esclarece dizendo que o seu reino não é deste mundo. Ele diz: "Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui". Quando novamente Pilatos pergunta se Jesus é rei ele diz: "Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz". Quem é da verdade escuta o Evangelho e tem Jesus como Rei dos Reis. Jesus nasceu como Rei. Sempre foi rei e reinará eternamente. Um dia virá e estabelecerá o seu reino que não terá fim. Este reino já iniciou na vida das pessoas que tem um encontro pessoal com o Senhor e é transformado por sua graça.
           
Conclusão:
            Jesus nasce para ser rei. Mas um rei diferente. O seguinte texto dos dehonianos (carisma iniciado por João Leão Dehon, um cristão francês do século XIX) expressa perfeitamente o caráter do Reino de Jesus:
           
         "A sua coroa será feita de espinhos… O seu trono será uma cruz… O seu poder diferente do poder do mundo… O seu mandamento será o do Amor… O seu exército será composto por homens desarmados… A sua Lei são as bem-aventuranças… O seu Reino será um mundo de paz… Decididamente, este rei não é como os outros, porque o seu Reino não é deste mundo. Contudo, nós somos os seus sujeitos convidados a segui-l’O, e mesmo a fazer com que se realize este Reino. Fazemo-lo sempre que somos artífices da paz e nos amamos como Ele nos ama. Nada mais… mas nada menos". (www.dehonianos.org).

            Encerra hoje o ano cristão. Encerra com a grande mensagem de fé: Jesus reina e reinará eternamente. Um dia todos os poderes do mundo, todas as opressões e injustiças, todas as obras do diabo e seus demônios serão destruídas.
            Porque Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp 3.9-11).