domingo, 6 de janeiro de 2013

Batismo do Senhor


Dia da Celebração do Batismo do Senhor
13 de janeiro
Rev. Edson Cortasio Sardinha

           


            No domingo após a Epifania, o rio Jordão recebe um número maior de peregrinos católicos e protestantes. É o dia da celebração do Batismo do Senhor.
            Originalmente, o batismo de Cristo foi comemorado no dia da Epifania juntamente com a visita dos Magos e o primeiro milagre nas Bodas de Caná da Galiléia.  Ao longo do tempo, no Ocidente, no entanto, a celebração do Batismo do Senhor veio a ser comemorado como uma festa separada da Epifania.

I. A Celebração na Igreja Metodista
            A Pastoral do Colégio Episcopal sobre o Culto na Igreja Metodista, diz que "o Batismo do Senhor é celebrado no primeiro domingo após a Epifania e representa o início da missão de Jesus no mundo. Esse tempo é parte da manifestação de Jesus aos seres humanos, por isso, trata-se de uma continuidade da Epifania. Diferenciando-se pelo fato de que, na Epifania, é o ser humano (representado pelos magos) que vai a Cristo, ao passo que, com o Batismo do Senhor, é Deus (por meio de Jesus Cristo) que vem até o ser humano, a fim de cumprir Sua missão. Por isso, a espiritualidade desse dia é marcada pela missão iniciada por Jesus em prol dos menos favorecidos e injustiçados. Com o Batismo do Senhor termina o Ciclo do Natal, dando-se início ao Tempo Comum ou Tempo após Epifania".

II. A Celebração na Igreja Ortodoxa e Católica
            A Igreja Ortodoxa comemora a Teofania de Jesus principalmente no seu Batismo com a presença da Santa Trindade.
            Como no ocidente a Epifania ficou enfocando apenas a visita dos magos, ofuscando o Batismo do Senhor e o primeiro Milagre em Caná, Pio XII instituiu, em 1955, uma comemoração litúrgica separada para o Batismo do Senhor. João XXIII, cinco anos, depois manteve a festa no dia 13 de janeiro. A apenas 14 anos após a instituição da festa, Paulo VI definiu a data como o primeiro domingo após 06 de janeiro, ou, se em um determinado país da Epifania é celebrada no dia 7 ou 8 de Janeiro, na segunda-feira seguinte. João Paulo II iniciou o costume de batizar crianças neste dia na Capela Sistina do Vaticano. O antigo Calendário Tridentino não tem a festa do Batismo do Senhor. Foi quase quatro séculos depois que a festa foi instituída, sob a denominação "Comemoração do Batismo do Senhor". A festa marca o fim do Ciclo do Natal do Natal. No dia seguinte, começa o Tempo Comum.

III. A Celebração na Igreja Anglicana
            Na Igreja protestante da Inglaterra a Epifania pode ser observada em 6 de janeiro ou no domingo entre 2 e 8 de janeiro. Se Epifania é observada em 6 de janeiro, ou antes, o Batismo de Cristo é observado no domingo seguinte. Se a Epifania é observado em 7 ou 8 de Janeiro, o Batismo de Cristo é observado na segunda-feira seguinte. Na Igreja da Inglaterra, O Tempo Comum não começa até o dia após a Apresentação de Cristo no Templo no dia 02 de fevereiro.
            O Livro de Oração Comum tem a seguinte Coleta:
            "Ó Pai Celestial, que, no Batismo de Jesus, no Jordão, o proclamaste teu amado Filho e o ungiste com o Espírito Santo; concede que todos os batizados em seu nome guardem constantes a aliança que estabeleceste e, com ousadia, o confessem Senhor e Salvador, o qual vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

IV. O Batismo do Senhor nos Pais da Igreja e em Tomás de Aquino
            Por que Jesus teve que ser batizado? Ambrósio de Milão (c. AD 333-397) respondeu a esta pergunta dizendo: O Senhor foi batizado, não para ser purificado si mesmo, mas para purificar as águas, de modo que essas águas, purificado pela carne de Cristo, que não conheceu pecado, pode ter o poder do Batismo. Quem vem, portanto, para a lavagem de Cristo deixa de lado seus pecados. (Comentário ao Evangelho de Lucas 2:83)
            O Batismo do Senhor juntamente com o nosso batismo é um mistério da fé, mais do que mero testemunho publico de nossa fé.
            Gregório de Nazianzo pregou sobre este mistério de fé dizendo: "Vamos ser sepultados com Cristo pelo Batismo a subir com ele, desçamos com ele a ser levantada com ele, e vamos subir com ele para ser glorificado com ele."
            Hilário de Poitiers falava da nossa adoção como verdadeiros filhos e filhas de Deus no batismo: "Tudo o que aconteceu com Cristo nos permite saber que, depois do banho de água, o Espírito Santo desce rapidamente sobre nós do céu alto e que, adotado pela voz do Pai, nos tornamos filhos de Deus".
             Tomás de Aquino trouxe a seguinte reflexão sobre o Batismo do Senhor: "Quando ele atingiu a idade perfeita, quando chegou o momento para ele para ensinar, fazer milagres e para atrair os homens a si mesmo, em seguida, foi a montagem de sua divindade para ser atestado do alto pelo testemunho do Pai, para que o seu ensino pode ser a mais credível."O Pai, que me enviou, tem-se dado testemunho de mim"

V. O Mistério do nosso Batismo segundo John Wesley.
            O Batismo é um sinal exterior de toda graça interior e espiritual: "Há um batismo" de que nosso Senhor se agradou em apontar como sinal exterior de toda graça interior e espiritual que Ele está continuamente concedendo à sua Igreja. Notas: "Atos 5:11".
            O batismo nos integra a Cristo: "Somos integrados em Cristo, no batismo, através da fé, e recebemos nova vida espiritual desta nova raiz pelo seu Espírito, que nos torna semelhantes a Ele, especialmente com referência à sua morte e ressurreição". Notas: "Romanos 6:3".
            O Batismo nos faz entrar na Aliança com Deus e é obrigatório para todos os cristãos: "O que é batismo? É o sacramento iniciatório que nos faz entrar na aliança de Deus. Foi instituído por Cristo o único que tem poder para instituir um sacramento adequado, um sinal, um selo, garantia e meio de graça, perpetuamente obrigatório para todos os cristãos".
            O Batismo é um selo de aliança como o circuncisão: "Foi instituído na sala da circuncisão, pois, como aquela era um sinal e um selo da aliança de Deus, assim é este".
            O Batismo é uma lavagem que nos entrega a santíssima trindade: "O elemento deste sacramento é a água que é o mais próprio para este uso simbólico, dado o seu poder natural de limpar. O batismo é realizado pela lavagem, pela imersão ou pela aspersão da pessoa em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e, por este meio, a pessoa é entregue à Bendita Trindade".
            Não existe uma forma única na Bíblia para o Batismo (imersão, lavagem ou aspersão): "Digo pela lavagem, imersão ou aspersão porque a Escritura não determina qual destes meios deve ser usado quer por preceito expresso, quer por um exemplo claro o que prove, quer ainda pela força ou pelo significado da palavra batizar..."
            O Batismo pelas aplicações dos méritos de Cristo, nos lava da culpa do pecado original; "O ponto seguinte a ser considerado são os benefícios que recebemos por meio do batismo. O primeiro é que somos lavados da nossa culpa do pecado original pela aplicação dos méritos da morte de Cristo".
            Os méritos da vida e da morte de Cristo, nos são aplicados no batismo: "Pois, "como pela ofensa de um veio o julgamento sobre todos os homens para condenação, assim pela justiça de um veio o dom gratuito sobre todos para justificação da vida". E a virtude deste dom gratuito, os méritos da vida e da morte de Cristo, nos são aplicados no batismo... "
            Pelo Batismo somos admitidos na Igreja: "Somos admitidos na Igreja pelo batismo e, consequentemente, feitos membros de Cristo, a sua cabeça. Os judeus eram admitidos à Igreja pela circuncisão; assim são os cristãos pelo batismo. Pois "todos os que são batizados em Cristo", em seu nome, por esse meio "revestiram-se de Cristo"- Gl.3:27, isto é, são misticamente unidos a Cristo e feitos um com Ele".
            Pela fé em Cristo, através do batismo, somos feitos filhos de Deus: "Nós, que éramos "por natureza filhos da ira", somos feitos filhos de Deus pelo batismo. E esta regeneração que a nossa Igreja em muitos lugares atribui ao batismo é mais do que o ser simplesmente admitidos na Igreja, embora comumente ligados a ela. "Sendo enxertados no corpo da Igreja de Cristo, somos feitos filhos de Deus pela adoção e pela graça". Isto se baseia nas palavras simples de nosso Senhor: "Se um homem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus" - Jo. 3:5. Assim, pela água como um meio, a água do batismo, somos regenerados ou nascidos de novo, de onde o ser ele chamado também pelo Apóstolo "a lavagem da regeneração".
            O Batismo precisa ser acompanhado por uma vida em santidade: "O batismo nos salva se a nossa vida correspondê-lo, se nos arrependermos, crermos e obedecermos ao evangelho; supondo-se isso, como ele nos admite à Igreja daqui, assim também o somos na glória futura".
            É dever batizar nossas crianças: "Em resumo, portanto, é nosso dever não somente legal e inocente, mas justo e estrito, de conformidade com a prática ininterrupta de toda a Igreja de Cristo desde os primeiros tempos, consagrarmos nossos filhos a Deus pelo batismo como era ordem para que a Igreja dos judeus o fizesse pela circuncisão". Obras: "Um trabalho sobre o batismo", 1, daqui e dali (X, 188,190-92, 201).
            O Batismo não é o novo nascimento: "O batismo não é o novo nascimento; este e aquela não são a mesma coisa. Muitos, na verdade, parecem imaginar que o sejam; pelo menos falam como se pensassem assim, mas não sei se essa opinião é apoiada publicamente por qualquer denominação cristã... Não se pode ser mais simples, pois, um é obra externa, o outro é interna; um é visível, o outro invisível e, portanto, totalmente diferente um do outro. Um é ato do homem purificando o corpo, o outro é uma mudança operada por Deus na alma; de maneira que são tão distintos um do outro como a alma o é do corpo e a água o é do Espírito Santo".
            O Batismo não muda a vida se a pessoa não desejar mudar: "Conhece-se a árvore pelos seus frutos". Por este fato, parece muito simples para ser negado, que diversos daqueles muitos filhos do diabo antes de serem batizados, continuam a ser, mesmo depois do batismo, "pois fazem as obras do seu pai"; continuam como servos do pecado, sem nenhuma pretensão à santidade interna ou externa. Sermões: "O novo nascimento", IV, 1-2 (S,II,237-39).

VI. As Leituras da Celebração do Batismo do Senhor
            A primeira Leitura é Is 40,1-11. Este texto fala do ministério de João Batista em preparar a vinda do Senhor. Está implícito o encontro com Cristo no Jordão e o ministério de consolo e restauração do Senhor.
            Cântico: Salmo  104. O Salmo fala da Glória do Senhor e do Espírito Santo que vem restaurar a vida sobre a face da Terra. É uma alusão ao Espírito Santo que veio no Batismo do Senhor.
            Segunda Leitura: Tt 2.11-14; 3.4-7; Paulo fala da salvação de Cristo e da sua lavagem mediante a água do batismo.
            O Evangelho é Lucas 3.15-22. O Evangelho narra o Batismo do Senhor centralizando a presença da Santíssima Trindade no início do ministério da nossa salvação em Cristo. É o Senhor que deseja o Batismo para dar início a uma caminhada rumo ao calvário.

Conclusão:
            A Celebração do Batismo do Senhor é pouco divulgada na Igreja evangélica brasileira. Mas é uma importante celebração que encerra o ciclo do Natal e dá início ao Tempo Comum.
            Que na celebração do Batismo do Senhor possamos celebrar nossa fé e esperança no Batismo recebido. Esta celebração marca a presença da santíssima trindade sobre nossa vida e missão como igreja que, autorizada pelo Batismo, sai pelo mundo espalhando a justiça e o amor, fazendo discípulos e discípulas, pelo Batismo, para o Senhor Jesus.


Devocional

Batismo do Senhor
Batismo: O Início do Discipulado
Lucas 3.15-22

            No terceiro ou quarto domingo após o Natal celebramos a solenidade do Batismo do Senhor. A data litúrgica é 13 de janeiro. Com esta solenidade termina o Ciclo do Natal. O Batismo do Senhor fala da obediência de Cristo que, no caminho do Pai, tem início seu discipulado para a nossa salvação. O Batismo é uma imersão na santíssima Trindade. É o início de uma vida consagrada a Deus para viver os valores divinos e levar vidas a Cristo. Todo batizado é um evangelizador, um discípulo que trabalha para gerar novos discípulos para o Reino.

I. João Batista e Cristo
                João Batista, com unção de Deus, pregava o arrependimento dos pecados e o batismo para remissão. Jesus o considerou o maior profeta da Bíblia (Mt 11.11). A autoridade de João era tão grande que as pessoas pensaram que ele fosse o próprio Cristo (15). Quando João soube que estava sendo confundido com o Cristo, não quis alimentar o engano e disse: (16) "Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo".            João afirma que era inferior a Jesus e que o seu Batismo de Jesus era com o Espírito Santo e com fogo. Apontou também para Jesus como juiz dos vivos e dos mortos ao dizer: (17) "A sua pá, ele a tem na mão, para limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará a palha em fogo inextinguível".               A mensagem de João Batista sobre o Cristo que viria era um evangelho ao povo (18). João tinha ousadia e autoridade, só foi parado pela maldade de Herodes que lhe prendeu no cárcere (19,20).  João tinha seguidores, ousadia e autoridade, mas sabia que Jesus era superior a ele. Não teve arrogância, prepotência nem soberba. Sabia perfeitamente de seus limites e apontava em suas pregações para o Cristo. Assim também, como discípulos, devemos viver de tal forma que venhamos apontar para Cristo. Cristo é o nosso alvo.
               
II. A Obediência do Senhor Jesus
                João não era digno de desatar as correias das sandálias de Jesus. Jesus é o Deus encarnado e João era apenas servo. Jesus iria batizar com o Espírito Santo e com fogo. Seria o juiz dos vivos e dos mortos.   João batista se sentiu constrangido (Mt 3.14).  Mas o Senhor sabia que precisava iniciar seu ministério pelo batismo de João Batista. (21) "E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus".         O batismo do Senhor representou sua total obediência ao Pai e sua postura de servo. Foi uma preparação para a cruz (Fp 2.5-7).  Como os judeus viram e interpretaram o Batismo do Senhor Jesus? Talvez falaram: "Lá está mais um pecador arrependido; mais um fanático atrás de João!".  Jesus não se importa. Toda a justiça de Deus precisava ser cumprida (Mt 3.15). Justiça de Deus significa vontade perfeita de Deus.      A obediência do Senhor Jesus nos constrange. Ele foi obediente até ao ritual do Batismo. Devemos ter a obediência ao Senhor como marca do nosso discipulado.
                 
III. A Trindade no Batismo
                Lucas diz que (21) "...e, estando ele a orar, o céu se abriu, (22)   e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo". Toda a Santíssima Trindade estava envolvida no Santo Batismo. O Pai estava no céu e fala ao Filho. O Filho está no rio Jordão e o Espírito Santo vem em forma corpórea como pomba. O Batismo do Senhor deu início a ação do Filho na Salvação da humanidade. É a ação do Deus Trino que nos salvou mediante Jesus Cristo. Por isso que o nosso batismo reproduz o evento do Jordão. Somos batizados em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19).  Quando aceitamos o Batismo ou batizamos nossos filhos estamos nos submetendo a ação direta do Sacramento da Santíssima Trindade. Com o batismo tem início o nosso discipulado a serviço do Reino de Deus.
               
Conclusão:
                O Senhor Jesus foi obediente ao Pai e se submeteu ao Batismo de João. A Santíssima Trindade se manifesta no Batismo de Jesus e passa ser a marca de nosso Batismo.  Desejamos seguir as pisadas do Senhor Jesus. Precisamos do Batismo. Precisamos da Trindade Divina em nossa vida. Precisamos dar início ao projeto de Deus em nós. O discipulado tem início no nosso encontro com Cristo que nos leva ao Batismo. Jesus não encontrou dificuldade. Foi humilde e desceu as águas do Batismo. Nós também precisamos passar por este caminho que é sacramento de iniciação e vida.